O
diretor-presidente da construtora Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Junior,
é um dos alvos da 23ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira (22). O
executivo, que está no exterior, segundo a Polícia Federal, teve mandado de
prisão temporária decretado.
De acordo
com seus advogados, ele se apresentará à Polícia Federal ainda nesta segunda.
Além de
Silva Junior, estão fora do país o também executivo da empreiteira Fernando
Migliaccio da Silva, o publicitário João Santana e sua mulher, Monica Moura. O
casal, que se encontra na República Dominicana, voltaria ao país neste sábado
(20), mas, segundo a PF, acabou mudando de ideia.
A prisão
temporária de Silva Junior foi solicitada devido à semelhança de termos
utilizados pelo executivo em conversas em 2014 com Marcelo Odebrecht, herdeiro
e ex-presidente da Odebrecht que foi preso em junho do ano passado e é um dos
poucos empresários denunciados permanece atrás das grades.
As mesmas
expressões achadas nessas conversas foram encontradas em uma planilha
apreendida durante as investigações. O documento indica, segundo a PF,
pagamentos de propinas.
Segundo a
Polícia Federal, o fato de o executivo utilizar os termos mostra que ele sabia
dos esquemas de corrupção na Petrobras.
Nelio
Machado, advogado do diretor-presidente de infraestrutura da Odebrecht
Benedicto Barbosa Júnior, afirmou que seu cliente se apresentará à Polícia
Federal espontaneamente.
"Ele se
apresentará entre hoje e o primeiro horário de amanhã, já que há uma questão de
logística por estar em viagem no exterior", explicou Nelio, que foi
contratado esta segunda, quando a residência do executivo foi alvo de busca e
apreensão.
Machado, que
atuou na defesa de clientes como o ex-executivo da Petrobras Paulo Roberto
Costa e o lobista Fernando Soares, o Baiano, até firmarem acordo de delação
premiada, afirmou que "não crê que essa será a postura [fazer o acordo] de
Benedito. "Acredito que ele tem como explicar tudo, mas ainda não
conversamos".
Mais uma
vez, o criminalista criticou as prisões da Lava Jato enfatizando que não é raro
que as pessoas presas acabem por "sucumbir" a pressão a passem a
firmar acordos de delação.
A 23ª fase
da Lava Jato foi batizada de "Acarajé" porque, segundo os integrantes
da operação, a expressão significa pagamentos indevidos, da mesma forma como
"pixuleco", que deu nome à 17ª fase da operação, em agosto do ano
passado.
A operação
nesta segunda-feira cumpriu 40 mandados de busca e apreensão em São Paulo -onde
Santana teve um bem sequestrado, um apartamento comprado por ele-, Rio de
Janeiro e Salvador. O publicitário, responsável por campanhas eleitorais de
candidatos do PT, é suspeito de ter recebido US$ 3 milhões em contas
internacionais por meio de off-shores controladas pela Odebrecht.
ARGENTINA
Em
entrevista coletiva nesta segunda-feira, em Curitiba, os integrantes da Lava
Jato disseram que os pagamentos de propina pela Odebrecht também se estendiam a
funcionários públicos da Argentina.
Documentos
apreendidos nas investigações mostram que um assessor do ex-secretário de
Transporte da Argentina Ricardo Jaime cobra da empreiteira o pagamento de
valores indevidos. Um dos documentos apreendidos nas investigações foi,
inclusive, digitalizado no escritório da empresa brasileira no país vizinho.
Jaime já foi
condenado três vezes pela Justiça e, no ano passado, admitiu ter participado de
um esquema de corrupção.
Ainda estão
em andamento cerca de 20 processos contra ele por irregularidades no repasse de
subsídios, enriquecimento ilícito e abuso de autoridade, entre outros crimes.
Ele foi
nomeado para a secretaria em 2003 pelo então presidente, Néstor Kirchner, de
quem era próximo havia mais de dez anos. Em 2009, renunciou devido às várias
denúncias de corrupção. Sua mais recente condenação, de cinco anos de prisão,
saiu em dezembro de 2015 por gestão fraudulenta.
Jaime
recorre em liberdade da decisão que o julgou culpado por um acidente ferroviário
ocorrido em Buenos Aires em 2012 e que completou quatro anos nesta
segunda-feira (22). A colisão de um trem contra m uma plataforma matou 51
pessoas e deixou 789 feridas.
Os
fundamentos da sentença ainda não foram divulgados, mas havia evidências de que
as empresas ferroviárias não eram bem controladas pelo governo. Apesar dos
indícios de desvio de recursos, o Estado continuava realizando os pagamentos
aos grupos de transporte.
O político
também já foi condenado a um ano e meio de prisão por viajar 15 vezes em aviões
particulares do grupo Cirigliano, que tinha a concessão da linha férrea em que
ocorreu o acidente de 2012. À Justiça Jaime admitiu ter recebido propina da
empresa.
O ex-secretário também foi condenado a cumprir
seis meses por ter sumido com documentos que poderiam servir como provas contra
ele em outra denúncia.
Fonte: Jornal
do Tocantins